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AIisantes de Cabelo tem Riscos!

Ingredientes de alisantes de cabelo podem induzir mutações no DNA

Conclusão é de um estudo feito pelo pesquisador Israel Felzenszwalb, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Beleza enganosa

Algumas substâncias presentes na formulação de cosméticos podem ter ação mutagênica, ou seja, modificar o conteúdo informacional do DNA, o que pode levar ao câncer.

A conclusão é de um estudo feito pelo pesquisador Israel Felzenszwalb, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que coordena projetos que investigam atividade mutagênica e/ou antimutagênica em produtos naturais e sintéticos.

Perigo dos alisantes para cabelo

A pesquisa foi subdividida na análise de oito compostos. Um deles é o ácido pirogálico, ou pirogalol, presente em alisantes industriais do tipo henê.

Desde 1976, a Comunidade Europeia mantém o pirogalol na lista de substâncias proibidas como ingredientes para cosméticos. No Brasil, porém, seu uso ainda é permitido sem restrições pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo o professor José Luiz Mazzei da Costa, do Laboratório de Mutagênese Ambiental da UFRJ, o estudo investiga os "efeitos de composição e pH na atividade mutagênica do pirogalol".

Mutações no DNA

Mazzei relata que, embora há algum tempo estudos mostrem que esse composto induz mutações no DNA, sua pesquisa comprova que a intensidade do pirogalol em induzir mutação genética varia em diferentes condições de pH e na presença de outras substâncias.

O professor afirma que os testes realizados são padronizados pela comunidade científica e consistem em reagir o substrato com bactérias. A substância é considerada mutagênica quando cria um número de colônias, no mínimo, duas vezes maior do que no grupo de controle.

No caso do pirogalol, ele perde a ação mutagênica quando reage em meio extremamente ácido, de pH igual ou inferior a 3,5. Acima desse valor, inclusive em pH fisiológico (em torno de 7), é comprovadamente genotóxico, ou seja, altera a sequência dos genes do DNA.

Alisante henê

A Anvisa propôs, em 2005, atualização da lista de substâncias proibidas no Mercosul em conformidade com a lista europeia.

Desde então, empresas do ramo buscam argumentos que detenham essa padronização, já que o pirogalol, que entra na composição do alisante henê, é bastante consumido no Brasil.

O produto atende mais as características dos consumidores brasileiros do que dos europeus. Próprio para cabelos cacheados, encaracolados ou crespos, o henê é comercializado a preços populares e tem como público-alvo as classes D e E.

Por suas propriedades colorantes, também é utilizado para tingir cabelos grisalhos. Mesmo com a variedade de novas técnicas e produtos para alisar os fios, o henê, que é um produto de baixo custo, representa cerca de 22% do mercado brasileiro de cosméticos de transformação para cabelos.

Genotoxidade

Felzenszwalb e Mazzei contam que foram consultados por dois fabricantes de henê, que solicitaram testes para avaliação em seus produtos, formulados em pH ácido.

Diante do fato de nenhuma das amostras ter induzido mutações, o estudo sobre a influência que a composição e a acidez do meio têm sobre a genotoxidade do pirogalol foi incluído no projeto. Os resultados sugerem que a capacidade desse composto induzir mutações varia de acordo com as condições em que ele reage.

Essas primeiras conclusões já geraram dois artigos científicos, publicados em periódicos internacionais indexados.

Além disso, estão sendo apresentados em congressos e encontros com especialistas, incluindo-se apresentação para a Gerência Geral de Cosméticos da Anvisa, a pedido da instituição.

Produtos com pirogalol

Mazzei afirma que a exigência de testes recai somente para os ingredientes da fórmula, quando o mais importante é analisar os produtos tal como são vendidos aos consumidores.

"Uma substância pura que induz mutagenicidade pode perder essa característica na presença de outros compostos ou em outro pH, e o contrário também pode ocorrer", diz.

Para o pesquisador, produtos formulados com pirogalol precisam ser controlados e testados. "Testamos apenas duas marcas de henê, mas há inúmeros outros produtos similares no mercado e seria importante saber se neles a atividade mutagênica também é inibida pela formulação", pondera.

Responsabilidade das empresas

Os dois pesquisadores acreditam que o projeto é o ponto de partida para a discussão das regras mundiais vigentes que permitem ou proíbem a comercialização de produtos.

"As agências regulamentadoras mundiais, incluindo a Anvisa, precisam criar novos critérios de fiscalização e exigir que as próprias empresas, os fabricantes, comprovem a segurança de seus produtos para os consumidores."

A polêmica em torno dos alisantes henê está apenas começando. Enquanto não há uma decisão, os usuários devem tomar a precaução de utilizar, apenas, mercadorias registradas na Anvisa, além de seguir as recomendações de segurança dos rótulos dos produtos.

Indústria brasileira de cosméticos

A indústria de cosméticos é um ramo da economia que não para de crescer. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor teve, em 2007, saldo positivo de 19,6 bilhões de dólares, 12% de expansão em relação a 2006.

Além disso, desde 2002 a balança comercial nessa área está favorável ao Brasil, que exporta mais do que importa.


Autor: Imprensa
Fonte: Diário da Saúde

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