Maioria das receitas para memória não funciona
Conclusão é de um grupo de especialistas que se reuniu na semana passada nos Estados Unidos para avaliar a produção científica realizada sobre o assunto nos últimos 20 anos
A cada semana surge um estudo que associa algum hábito ou substância a maior ou menor risco de demência e, mais especificamente, de doença de Alzheimer. Porém, poucos trabalhos trazem resultados conclusivos, que justificariam essas indicações como forma de prevenir esses problemas.
A conclusão é de um grupo de especialistas que se reuniu na semana passada nos Estados Unidos para avaliar a produção científica realizada sobre o assunto nos últimos 20 anos. O encontro foi organizado pelo National Institutes of Health, o principal órgão americano de produção e financiamento de pesquisas médicas.
Para Alzheimer, doença que responde por boa parte dos casos de demência no mundo, as notícias são piores: não há nada que tenha eficácia cientificamente comprovada para prevenção. Isso deve tirar da lista de compras de alguns esperançosos os suplementos de gingko biloba, as cápsulas de ômega-3 e de vitaminas. Esses produtos também não têm eficácia comprovada na prevenção de outros tipos de demência.
"O fato é que se investe muito dinheiro na pesquisa sobre doença de Alzheimer desde os anos 80 e, mesmo assim, até hoje não temos nada que realmente seja efetivo contra a doença. Apesar de todos os esforços, nada aconteceu. É um desastre", lamenta a patologista Lea Grinberg, coordenadora do Banco de Cérebros da Faculdade de Medicina da USP.
O documento poderá direcionar novas pesquisas na área e orientar especialistas sobre o que deve ser indicado ao paciente. "É importante especialmente quando sabemos que alguns profissionais divulgam esses métodos não comprovados: tem muito médico que prescreve ginkgo biloba aos montes, como prevenção e para quem já tem queixas de memória", diz Paulo Caramelli, neurologista da Universidade Federal de Minas Gerais.
Programas de computador e jogos que prometem evitar a perda de memória também não apresentaram nenhum efeito que justifique o investimento. "O efeito de ler frequentemente e de um programa proposto para treinar o cérebro é o mesmo", afirma Grinberg.
Problemas vasculares
Somados à doença de Alzheimer, problemas cardiovasculares são causa de 75% das demências no mundo. No Brasil, estima-se que de 8% a 12% da população com mais de 65 anos manifeste algum grau de perda cognitiva -maior parte dos casos é causada por questões vasculares.
Por isso, algumas intervenções se mostram importantes nos estudos avaliados para prevenir demência por essa causa. No levantamento americano, a dieta balanceada e a prática regular de exercícios físicos apresentaram resultados significativos, provavelmente pelo impacto no sistema cardiovascular.
A hipertensão arterial, por exemplo, pode causar microinfartos em pequenos vasos no cérebro (as arteríolas) e prejudicar a oxigenação e a chegada de nutrientes na região. Com isso, há degeneração de células e maior dificuldade de circulação de informações na área do cérebro atingida. Com o acúmulo dessas lesões, as chances de demência aumentam.
O que deve ser feito
Além de controlar os fatores de risco para o coração, manter-se intelectualmente ativo, sem artificialidades, também ajuda. "Interaja com pessoas, não passe o dia inteiro vendo TV, leia", indica Grinberg.
O diagnóstico precoce da perda de cognição também pode melhorar a qualidade de vida do paciente, segundo a patologista. "Deve-se buscar assistência desde o começo, quando os quadros de esquecimento ainda são leves. Apesar de a doença não ter cura, alguns remédios que combatem esses sintomas ajudam a pessoa a se sentir melhor por mais tempo."
Fonte: Folha on line
Conclusão é de um grupo de especialistas que se reuniu na semana passada nos Estados Unidos para avaliar a produção científica realizada sobre o assunto nos últimos 20 anos
A cada semana surge um estudo que associa algum hábito ou substância a maior ou menor risco de demência e, mais especificamente, de doença de Alzheimer. Porém, poucos trabalhos trazem resultados conclusivos, que justificariam essas indicações como forma de prevenir esses problemas.
A conclusão é de um grupo de especialistas que se reuniu na semana passada nos Estados Unidos para avaliar a produção científica realizada sobre o assunto nos últimos 20 anos. O encontro foi organizado pelo National Institutes of Health, o principal órgão americano de produção e financiamento de pesquisas médicas.
Para Alzheimer, doença que responde por boa parte dos casos de demência no mundo, as notícias são piores: não há nada que tenha eficácia cientificamente comprovada para prevenção. Isso deve tirar da lista de compras de alguns esperançosos os suplementos de gingko biloba, as cápsulas de ômega-3 e de vitaminas. Esses produtos também não têm eficácia comprovada na prevenção de outros tipos de demência.
"O fato é que se investe muito dinheiro na pesquisa sobre doença de Alzheimer desde os anos 80 e, mesmo assim, até hoje não temos nada que realmente seja efetivo contra a doença. Apesar de todos os esforços, nada aconteceu. É um desastre", lamenta a patologista Lea Grinberg, coordenadora do Banco de Cérebros da Faculdade de Medicina da USP.
O documento poderá direcionar novas pesquisas na área e orientar especialistas sobre o que deve ser indicado ao paciente. "É importante especialmente quando sabemos que alguns profissionais divulgam esses métodos não comprovados: tem muito médico que prescreve ginkgo biloba aos montes, como prevenção e para quem já tem queixas de memória", diz Paulo Caramelli, neurologista da Universidade Federal de Minas Gerais.
Programas de computador e jogos que prometem evitar a perda de memória também não apresentaram nenhum efeito que justifique o investimento. "O efeito de ler frequentemente e de um programa proposto para treinar o cérebro é o mesmo", afirma Grinberg.
Problemas vasculares
Somados à doença de Alzheimer, problemas cardiovasculares são causa de 75% das demências no mundo. No Brasil, estima-se que de 8% a 12% da população com mais de 65 anos manifeste algum grau de perda cognitiva -maior parte dos casos é causada por questões vasculares.
Por isso, algumas intervenções se mostram importantes nos estudos avaliados para prevenir demência por essa causa. No levantamento americano, a dieta balanceada e a prática regular de exercícios físicos apresentaram resultados significativos, provavelmente pelo impacto no sistema cardiovascular.
A hipertensão arterial, por exemplo, pode causar microinfartos em pequenos vasos no cérebro (as arteríolas) e prejudicar a oxigenação e a chegada de nutrientes na região. Com isso, há degeneração de células e maior dificuldade de circulação de informações na área do cérebro atingida. Com o acúmulo dessas lesões, as chances de demência aumentam.
O que deve ser feito
Além de controlar os fatores de risco para o coração, manter-se intelectualmente ativo, sem artificialidades, também ajuda. "Interaja com pessoas, não passe o dia inteiro vendo TV, leia", indica Grinberg.
O diagnóstico precoce da perda de cognição também pode melhorar a qualidade de vida do paciente, segundo a patologista. "Deve-se buscar assistência desde o começo, quando os quadros de esquecimento ainda são leves. Apesar de a doença não ter cura, alguns remédios que combatem esses sintomas ajudam a pessoa a se sentir melhor por mais tempo."
Fonte: Folha on line
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